A
origem do teatro pode ser remontada desde as primeiras
sociedades primitivas,
em que acreditava-se no uso de danças imitativas como
propiciadores de
poderes sobrenaturais que controlavam todos os fatos necessários
à sobrevivência
(fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas etc), ainda
possuindo
também caráter de exorcização dos maus espíritos. Portanto, o
teatro em
suas origens possuía um caráter ritualístico.
Com o desenvolvimento do domínio e conhecimento do homem em
relação aos
fenômenos naturais, o teatro vai deixando suas características
ritualistas,
dando lugar às características mais educacionais. Ainda num
estágio de
maior desenvolvimento, o teatro passou a ser o lugar de
representação
de lendas relacionadas aos deuses e heróis.
Na Grécia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dionísio
(Baco,
para os latinos) compreendiam, entre seus eventos, a
representação de
tragédias e comédias. As primeiras formas dramáticas na Grécia
surgiram
neste contexto, inicialmente com as canções dionisíacas
(ditirambos).
A tragédia, em seu estágio seguinte, se realizou com a
representação da
primeira tragédia, com Téspis. A introdução de segundos e
terceiros atores
nas tragédias veio com Ésquilo e Sófocles. Surgiu também a peça
satírica:
o conservador Aristófanes cria um gênero sem paralelo no teatro
moderno,
pois a comédia aristofânica mesclava a paródia mitológica com a
sátira
política. Todos os papéis eram representados por homens, pois
não era
permitida a participação de mulheres.
Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das atuações
como dos
ensaios e da idealização das coreografias. O espaço utilizado
para as
encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo. Com o
passar do tempo,
grandes inovações foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a
profissionalização,
a estrutura dos espaços cênicos (surgimento do palco elevado)
etc. Os
escritores dos textos dramáticos cuidavam de praticamente todos
os estágios
das produções.
Nesse mesmo período, os romanos já possuíam seu teatro,
grandemente influenciado
pelo teatro grego, do qual tirou todos os modelos. Nomes
importantes do
teatro romano foram Plauto e Terêncio. Roma não possuiu um
teatro permanente
até o ano de 55 a.C., mas segundo é dito, enormes tendas eram
erguidas,
com capacidade para abrigarem cerca de 40.000 espectadores.
Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o
teatro romano
criou suas próprias inovações, com a pantomima, em que apenas um
ator
representava todos os papéis, com a utilização de máscara para
cada personagem
interpretado, sendo o ator acompanhado por músicos e por coro.
Com o advento do Cristianismo, o teatro não encontrou apoio de
patrocinadores,
sendo considerado pagão. Desta forma, as representações teatrais
foram
totalmente extintas.
O renascimento do teatro se deu, paradoxalmente, através da
própria igreja,
na Era Medieval. O renascimento do teatro se deveu à
representação da
história da ressurreição de Cristo. A partir deste momento, o
teatro era
utilizado como veículo de propagação de conteúdos bíblicos,
tendo sido
representados por membros da igreja (padres e monges). O teatro
medieval
religioso entrou em franco declínio a partir de meados do século
XVI.
Desde o século XV, trupes teatrais agregavam-se aos domínios de
senhores
nobres e reis, constituindo o chamado teatro elisabetano. Os
atores -
ainda com a participação exclusiva de atores homens - eram
empregados
pela nobreza e por membros da realeza. O próprio Shakespeare,
assim
como o ator original de Otelo e Hamlet, Richard Burbage,
eram empregados
pelo Lorde Chamberlain, e mais tarde foram empregados pelo
próprio rei.
Na Espanha, atores profissionais trabalhavam por conta própria,
sendo
empresariados pelos chamados autores de comédia. Anualmente, as
companhias
realizavam festivais religiosos, e sobretudo no século XVII, as
representações
nas cortes espanholas encontravam-se fortemente influenciadas
pelas encenações
italianas. Os nomes mais proeminentes deste período (a chamada
idade de
ouro do teatro espanhol) foram Calderon de La Barca e Lope
de
Vega.
Foi mais notadamente na Itália que o teatro renascentista rompeu
com as
tradições do teatro medieval. Houve uma verdadeira recriação das
estruturas
teatrais na Itália, através das representações do chamado teatro
humanista.
Os atores italianos deste, basicamente, eram amadores, embora já
no século
XVI tenha havido um intenso processo de profissionalização dos
atores,
com o surgimento da chamada "Commedia Dell'Arte", em que alguns
tipos representados provinham da tradição do antigo teatro
romano: eram
constantes as figuras do avarento e do fanfarrão.
Devido às muitas viagens que as pequenas companhias de Commedia
Dell'Arte
empreendiam por toda a Europa, este gênero teatral exerceu
grande influência
sobre o teatro realizado em outras nações. Um dos aspectos
marcantes nesse
teatro foi a utilização de mulheres nas representações, fato que
passou
a se estender para os outros países.
No século XVII, o teatro italiano experimentou grandes evoluções
cênicas,
muitas das quais já o teatro como atualmente é estruturado.
Muitos mecanismos
foram adicionados à infra-estrutura interna do palco, permitindo
a mobilidade
de cenários e, portanto, uma maior versatilidade nas
representações.
Foi a partir do século XVII que as mulheres passaram a fazer
parte das
atuações teatrais na Inglaterra a na França. Na Inglaterra, os
papéis
femininos eram antes representados por jovens atores aprendizes.
Na França,
uma das atrizes que outrora havia sido integrante do grupo de Molière
passou a fazer parte do elenco das peças de Racine. Therese
du Parc, conhecida depois como La Champmesle, foi a
atriz que
primeiro interpretou o papel principal de Fedra, da obra de Racine,
tornando-se então uma das principais atrizes da chamada
"Commedie
Française".
No Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de
catequização
dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas,
procurando
sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a
cultura indígena.
Uma origem do teatro no Brasil se deveu à Companhia de Jesus,
ordem que
se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os
autores
do teatro nesse período foram o Padre José de Anchieta e o
Padre
Antônio Vieira. As representações eram realizadas com grande
carga
dramática e com alguns efeitos cênicos, para a maior efetividade
da lição
de religiosidade que as representações cênicas procuravam
inculcar nas
mentes aborígines. O teatro no Brasil, neste período, estava sob
grande
influência do barroco europeu.
Ao cabo do século XVIII, as mudanças na estrutura dramática da
peças foram
reflexo de acontecimentos históricos como a Revolução Industrial
e a Revolução
Francesa. Surgiram formas como o melodrama, que atendia aos
gosto do grande
público. Muitos teatros surgiram juntamente com esse grande
público.
No século XIX as inovações cênicas e infra-estruturais do teatro
tiveram
prosseguimento. O teatro Booth de Nova York já utilizava os
recursos do
elevador hidráulico. Os recursos de iluminação também passaram
por muitas
inovações e experimentações, com o advento da luz a gás. Em
1881, o Savoy
Theatre de Londres foi o primeiro a utilizar iluminação
elétrica.
Os cenários, assim como o figurino, procuravam reproduzir
situações históricas
com um realismo bastante apurado. As sessões teatrais, em que
outrora
encenavam-se várias peças novas ou antigas, foram passando a ser
utilizadas
apenas para a encenação de uma peça. Todas as inovações pelas
quais o
teatro foi passando exigiram o surgimento da figura do diretor,
que trata
de todos os estágios artísticos de uma produção.
Ao final do século XIX uma série de autores passaram a assumir
uma postura
de criação bastante diversa da de seus predecessores românticos,
visando
a arte como veiculo de denúncia da realidade. Escritores como Henrik
Ibsen e Emile Zola foram partidários dessa nova
tendência,
cada qual com sua visão particular.
O teatro do século XX caracteriza-se pelo ecletismo e pela
grande quebra
de antigas tradições. O "design" cênico, a direção teatral,
a infra-estrutura e os estilos de interpretação não se
vincularam a um
único padrão predominante. Entretanto, pode-se dizer que as
idéias de
Bertolt Brecht foram as que mais influenciaram o teatro
moderno.
Segundo dizia Brecht , o ator deve manter-se consciente
do fato
que esta atuando e que jamais pode emprestar sua personalidade
ao personagem
interpretado. A peça em si, por sua vez, assim como a mensagem
social
nela contida, deveria ser o supremo objeto de interesse. Para
tanto, os
espectadores deveriam ser constantemente lembrados que estão
vendo uma
peça teatral e que, portanto, não identifiquem os personagens
como figuras
da vida real, pois neste caso a emoção do espectador
obscureceria seu
senso crítico.
Dado o seu temor no caso dos atores mostrarem-se incapazes de
desempenhar
os papéis com tanta imparcialidade, Brecht utilizou
vários recursos
que libertariam as encenações de quaisquer ilusões de realidade
que poderiam
ser criadas nas mentes dos espectadores. A cenografia se dirigia
a muitos
efeitos não-realísticos, assim como as próprias atividades de
mudança
de palco podiam ser vistas pelo público. No teatro contemporâneo
tanto
as tradições realistas como as não-realistas convivem
simultaneamente.
(ao
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